O mercado de sincronização musical tem aberto um espaço importante para produtores e artistas independentes construírem uma carreira sustentável. Além disso, o setor está em constante crescimento.
Por isso, a Groover convidou o Samuel Galdino, da produtora All Audios, para falar sobre o tema.
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1. Samuel, você poderia apresentar o seu trabalho de sincronização com a All Audios?
A All Audios teve seu início em 2019, após eu ter criado um catálogo com aproximadamente 100 músicas instrumentais próprias e apresentá-las a um amigo que já fazia sincronização através de uma licenciadora. Fui indicado por ele a esta empresa, onde assinei um contrato de licenciamento. De lá para cá, foram mais de 400 trilhas produzidas.
Em 2022, por conta do meu estilo eclético e volumoso de produção, fui indicado a participar de um grupo seleto de produtores que fornecem trilhas para o Grupo Globo. Com este player coloco músicas em diversos programas de TV, documentários, séries e filmes. Por conta da alta demanda na All Audios, eu também faço a curadoria de músicas.
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2. Qual é o papel da sincronização musical na indústria do entretenimento, em filmes, programas de TV e publicidade?
A maioria dos projetos audiovisuais, sejam eles filmes, séries, programas de TV, publicidade, etc, necessitam de trilha sonora. A música neste caso é responsável pela emoção, absorção e outros fatores “psicoacústicos” daquilo que o conteúdo deseja comunicar – ela é um “fio condutor”. Experimente assistir, por exemplo, um filme sem trilha sonora, é algo frio, sem força para penetrar na alma de alguém.
Para atender essa demanda, existem hoje várias empresas e produtores especializados em trilha sonora. Algumas produzem por encomenda para projetos específicos, outras produzem em larga escala e colocam o catálogo à disposição de licenciadoras e/ou bibliotecas de venda de trilhas, etc. Hoje, existem diversos formatos e caminhos para a sincronização.
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3. Como é o processo de seleção de músicas para sincronização musical?
De forma geral, não existem muitos critérios no processo de seleção, até porque tudo que envolve o mercado do entretenimento tem uma demanda específica. Existem projetos que necessitam uma música original, uma trilha orquestral, trilha minimalista ou até mesmo com apenas nota contínua de sintetizador.
O importante é como a música soa, soma e ajuda a contar a história com a imagem. Acredito que quem escolhe a trilha sonora é a imagem, claro, com o auxílio do produtor/curador. O principal é que o fonograma seja bem mixado e masterizado e disponível no lugar certo para ser selecionado.
Instagram All Audios | Instagram Samuel Galdino
4. Você acredita que é um setor em crescimento no mercado musical?
Sincronização é uma das maiores fatias da receita do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) que distribui milhões de reais por ano para autores, intérpretes, músicos e produtores de trilhas. A sincronização, diferente do mercado artístico, é algo mais abrangente, a música pode entrar em qualquer projeto, seja ele nacional ou não. Eu, por exemplo, já coloquei músicas em séries internacionais e recebo pagamentos mensais de escritórios de arrecadação de outros países.
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5. Quais dicas você daria para artistas independentes e produtores que desejam entrar no mercado de sincronização musical?
Antes de procurar uma licenciadora e/ou produtora, produza massivamente e crie um bom catálogo com músicas instrumentais de diversos estilos. Seja criativo, não use samples de terceiros e não invista muito dinheiro em equipamentos no início, com um teclado controlador MIDI e um computador básico é possível criar músicas com potencial de ganhar Oscar e Grammy.
Produzir trilha sonora é fazer arte, mas também é negócio, não seja vaidoso e perfeccionista ao extremo. Seja um produtor/semeador, encare suas músicas como sementes e em abundância lance-as em terras férteis. Nem todas vingarão, mas as que vingarem valerão a pena e trarão bons frutos.
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