A pergunta “Como fazer uma música?” é bem comum. O processo de criação de músicas pode parecer difícil e complexo, como se fosse um conhecimento exclusivo de quem tem o dom. Este artigo da Groover busca trazer inspiração e clarear caminhos para te ajudar nesse quesito.
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1. Inspiração
Como fazer uma música? Qualquer coisa pode inspirar a criação de uma música: uma história de amor, uma melodia que vem à sua cabeça, um poema que você leu, uma história que ouviu, e sempre começa com uma ideia pequena da qual você fica curioso e enxerga um possível desdobramento. E para falar a verdade, qualquer ideia pode ser desenvolvida!
A etapa seguinte depende do processo criativo de cada um ou da inspiração que a levou a começar a compor a música. O grande debate que existe é: começar primeiro pela música ou pela letra? Não existe uma resposta certa.
O Elton John, por exemplo, é conhecido por escrever a letra de suas músicas primeiro, e o sucesso dos Beatles “Get Back” começou com o nome da música. Os outros começam com uma melodia ou uma progressão de acordes para dar início ao processo. Abordaremos como ambos os processos geralmente funcionam.
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2a. Comece com música
Como fazer uma música? Para muitas pessoas, as ideias fluem com mais facilidade quando se começa com um instrumental. Pode ser algo retirado do YouTube, um loop encontrado em um site de samples como o Splice, uma progressão simples de acordes em um instrumento ou algo criado diretamente em uma DAW. Seja qual for a origem, o instrumental serve como a base da música, ajudando o artista a definir o andamento e a tonalidade para construir a letra e a melodia.
Se você estiver iniciando com um instrumento, experimente até encontrar alguns acordes que soem agradáveis. Esse é um bom começo para entender como fazer uma música. Ao selecionar quatro acordes que funcionem bem em sequência, você terá criado uma progressão de acordes. A partir daí, grave e coloque em loop para utilizá-la enquanto escreve a letra. Caso prefira começar em uma DAW, escolha um instrumento virtual ou um som de percussão para criar sua batida, ou conecte um controlador MIDI para experimentar acordes dessa maneira. No caso do MIDI, você pode gravar uma ideia inicial e ajustar as notas no programa, permitindo testar combinações que talvez não consiga tocar manualmente.
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2b. Comece com a letra da música
Começar pela letra não significa, necessariamente, que você precise escrever toda a música antes de trabalhar na melodia ou no instrumental. Isso muitas vezes bloqueia quem está procurando uma resposta exata de como fazer uma música. Muitas vezes, basta usar uma linha ou frase como ponto de partida e construir um verso ou refrão a partir dela. Se você ler a letra de uma música sem a melodia, perceberá que ela muitas vezes se assemelha a um poema.
Muitos artistas escrevem poesias em diários e, posteriormente, se inspiram nesses escritos para desenvolver o tema, o esquema de rimas ou até mesmo para aproveitar trechos literais como letra de uma música. Esse é um dos jeitos mais legais para desbloquear a pergunta “como fazer uma música?”. Se preferir, experimente escrever algumas palavras ou frases soltas e veja se elas indicam algo sobre o que sua música pode vir a ser. A partir disso, continue desenvolvendo a história.
Ter uma ideia clara do tema geral da música logo no início pode facilitar bastante quando chegar a hora de adicionar o instrumental e finalizar a composição.
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3. Juntando a letra com a música
A próxima etapa é juntar a música com a letra. Quando a batida é criada antes da letra, uma das formas mais simples de avançar é ouvir o que você já produziu e começar a fazer um freestyle com as palavras que vierem à mente. Muitos artistas começam com palavras sem sentido e, com o tempo, transformam essas ideias em versos concretos. O objetivo aqui é estabelecer um fluxo, entendendo onde as palavras se encaixam no ritmo.
Cantores geralmente conseguem unir dois elementos de uma vez ao improvisar: enquanto cantam livremente, eles exploram tanto ideias para a melodia quanto para a letra. Grave tudo o que surgir durante esse processo e analise depois para identificar algo que possa servir de base para a música.
Se o ponto de partida foi a letra, concentre-se na emoção que suas palavras transmitem. Use essa sensação como guia para encontrar uma melodia ou progressão de acordes que reflita o mesmo sentimento. Essa abordagem emocional pode acelerar bastante o processo de escolha de sons e outros elementos de produção, já que você saberá rapidamente se eles estão alinhados ao clima que deseja criar.
Para definir ritmo e andamento, leia a letra em voz alta e perceba onde ocorrem pausas naturais. Isso pode ajudar a determinar o comprimento de cada compasso e como o instrumental deve se moldar à estrutura da letra.
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4. Gravação
Quando a estrutura básica da música estiver pronta e a letra definida, mesmo que parcialmente, é hora de gravar. Essa etapa também engloba o processo de “como fazer uma música?”. Alguns artistas preferem gravar enquanto ainda estão escrevendo, enquanto outros só entram no estúdio quando a música está completamente finalizada. Não existe uma abordagem certa ou errada, o importante é encontrar o método que funciona melhor para você.
A integração entre música e letra descrita na seção anterior exige que, pelo menos, uma das partes já tenha sido registrada de alguma forma, seja por meio de gravações no celular ou diretamente em uma DAW. Por isso, parte do processo de gravação pode já estar em andamento.
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Quando a composição estiver finalizada, artistas que compuseram usando apenas um caderno e um instrumento geralmente reservam um horário no estúdio (ou gravam em casa, se tiverem o equipamento necessário) para criar uma gravação de qualidade. Caso não saibam como gravar sozinhos, uma tarefa que pode ser cansativa em um estúdio profissional, eles podem contar com um engenheiro de áudio para ajudar na sessão de gravação.
Já os artistas que trabalharam diretamente em uma DAW, seja em casa ou em um estúdio com um produtor, geralmente chegam a esta etapa com algumas boas gravações, alguns rascunhos e algumas tomadas descartáveis. Após definirem a letra e a melodia, eles refinam as gravações, refazendo todas as tomadas vocais até que estejam completamente satisfeitos com o resultado final.
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5. Produção musical
Essa é a etapa em que todos os detalhes são adicionados e vai te ajudar a entender melhor como fazer uma música de um jeito profissional. Com o vocal principal gravado e a produção básica pronta, é hora de sentar com o produtor para refinar a música e dar aquele toque especial. Isso pode incluir:
- Adicionar mais instrumentos: seja trazendo músicos para gravar no estúdio ou usando instrumentos MIDI.
- Acrescentar harmonias: também conhecidas como vocal stacks, além de adlibs para enriquecer o vocal.
- Ajustar a estrutura: como repetir o refrão ou criar um final mais marcante.
- Incluir transições: como fade outs ou efeitos que conectem diferentes seções da música.
- Colaborar com outros artistas: convidar alguém para adicionar um verso ou vocais de apoio.
- Fazer ajustes finais: mudanças em letras, notas ou melodia, se necessário.
- Finalizar efeitos e processamento: lapidar a música com os toques finais de mixagem e masterização.
Se você está gravando uma demo para outro artista, esse processo tende a ser mais básico. É comum incluir harmonias para melhorar a apresentação, mas não é necessário focar em todos os detalhes. O artista ou produtor final que receber a música provavelmente fará suas próprias alterações.
Por outro lado, se você for o próprio artista, essa etapa é o momento de trazer sua visão completa para a música. Aqui, você pode realmente trabalhar os detalhes para dar personalidade e vida à sua criação, fazendo com que ela reflita exatamente o que você imaginou e entender de fato como fazer uma música.
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6. Mixagem e masterização
Depois que a produção e a gravação estiverem completamente finalizadas, cada música deve passar pelos processos de mixagem e masterização, independentemente do que aconteça. Podemos considerar que a parte de como fazer uma música em si vai até aqui, mas na verdade, é só metade do caminho.
Na mixagem, os engenheiros trabalham com as stems (cada faixa ou elemento individual da música) para equilibrá-las, garantindo que tudo soe coeso. Isso pode incluir:
- Ajustar os níveis de volume para priorizar determinados instrumentos sobre outros.
- Fazer o panning dos sons, distribuindo-os no campo estéreo entre os lados esquerdo e direito.
- Aplicar compressão e equalização para evitar que sons se choquem ou fiquem abafados.
A diferença entre uma música mal mixada e uma bem mixada é perceptível de imediato, como demonstrado no vídeo abaixo.
A masterização é a etapa seguinte, onde a mixagem final é otimizada para garantir que a música tenha a melhor qualidade possível em todos os dispositivos e plataformas. Seja no celular, no carro, em fones de ouvido, serviços de streaming ou alto-falantes, cada sistema tem características e preferências específicas, como taxas de amostragem diferentes. O trabalho do engenheiro de masterização é criar arquivos de áudio que soem bem em qualquer contexto.
Uma boa mixagem e masterização é o que separa uma música com som amador de uma produção profissional. Por isso, nunca pule essa etapa se você estiver planejando lançar algo. É uma parte essencial do processo de criação musical que não pode ser negligenciada.
7. Distribuição
Depois que um artista possui a versão master final de sua música e deseja lançá-la, o próximo passo é enviá-la para uma distribuidora. A distribuidora é responsável por disponibilizar a música em todas as plataformas de streaming e, em alguns casos, por incluí-la em playlists ou sincronizar a obra em outros formatos, como trilhas sonoras.
Se o artista for contratado por uma gravadora, ela geralmente se encarrega da distribuição e do envio da música para os canais apropriados. Já para artistas independentes, é necessário trabalhar com uma distribuidora digital, como o DistroKid, Tratore ou Onerpm. Essas plataformas são apenas algumas das diversas opções disponíveis online para artistas não assinados.
O processo de envio é simples, mas deve ser feito com antecedência, no mínimo um mês antes da data de lançamento. Isso garante tempo suficiente para que todos os detalhes, como metadados e pitching para playlists, sejam devidamente processados e entregues no prazo. Isso é muito importante para quem é artista independente e quer entender como fazer uma música de maneira íntegra.
Após o envio, os artistas podem criar links de pré-save, divulgar a música em playlists próprias nas plataformas de streaming e começar a divulgar seu próximo lançamento para o público.
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8. Peças visuais
Esse elemento é indissociável da resposta para como fazer uma música nos dias atuais. Enquanto a música está sendo processada para distribuição, as peças visuais começam a ganhar forma. A capa do álbum ou single, videoclipes, Spotify Canvas, vídeos com letras e sessões de fotos passam a ser o foco principal. Esses elementos são indispensáveis para divulgar a música e gerar expectativa pelo lançamento.
A arte da capa deve ser a primeira a ser finalizada, já que precisa ser incluída no envio para a distribuidora. Os outros elementos visuais podem ser produzidos em seguida.
Nesse ponto, é essencial criar um plano de marketing para organizar a divulgação, definindo o que será publicado e quando teasers, cenas dos bastidores, trechos, e qualquer outro material relevante. Para um lançamento básico, o mínimo que você deve ter inclui:
- A arte da capa.
- Um Spotify Canvas.
- Um vídeo em formato longo e outro curto para as redes sociais, ajudando a anunciar o projeto e relembrar o público no dia do lançamento.
Se você tiver imagens ou vídeos do processo de criação da música e organizar uma sessão de fotos, terá conteúdo suficiente, tanto estático quanto em vídeo, para ser reutilizado em diferentes formatos e plataformas. Isso ajuda a manter o engajamento em torno do lançamento.
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9. Lançamento e divulgação
Depois de entender como fazer uma música, chegou o dia do lançamento e a música agora está disponível para o mundo em todos os lugares. Ela pode ser ouvida em serviços de streaming, compartilhada em aplicativos de rede social, encontrada na internet e tem potencial para ser colocada na TV, em filmes, videogames etc. Como os artistas garantem que o hype continue e que a música mantenha uma boa quantidade streams? Eles a divulgam. A divulgação é o coração da música após o lançamento. Por meio de publicações em redes sociais, entrevistas, aparições em programas de TV, apresentações ao vivo e anúncios, a música fica na cabeça de todos que estão prestando atenção.
É nesse momento que ter um artigo ou cobertura da imprensa se torna fundamental. Os artistas ou gravadoras independentes entram em contato com a mídia antes do lançamento para que um artigo sobre a música seja preparado, ou enviam o artigo assim que a música é lançada. De qualquer forma, o objetivo é gerar conversa e fazer com que as pessoas queiram ouvir. O mesmo vale para as playlists.
| Leia também: Quais são os tipos de playlist do Spotify e como entrar nelas?
Os curadores de playlists, que administram playlists populares do Spotify, estão sempre em busca de músicas novas, por isso o pós-lançamento é o momento ideal para enviar sua música para uma possível adição a essas playlists. Se a música tiver um bom desempenho em plataformas de streaming e redes sociais, os programadores de estações de rádio também poderão demonstrar interesse.
| Entenda como funciona a Groover
Qualquer divulgação fora das redes sociais geralmente requer uma rede de contatos, o que pode ser difícil de construir quando você está apenas começando. Se você quiser fazer conexões com pessoas do setor como jornalistas, portais, curadores de playlists, influenciadores, estações de rádio, gravadoras e outros, pode entrar em contato com elas por meio da Groover e enviar sua música diretamente. A simplificação desse processo de apresentação economiza muito tempo e energia, já que você realmente receberá uma resposta por meio da plataforma.
| Leia também: Como entrar em contato com os curadores de playlists do Spotify?
10. Royalties
Não adianta entender como fazer uma música e não receber pelo seu trabalho. Quanto mais tempo uma música estiver disponível para o público, mais royalties ela acumulará. Royalties são os pequenos pagamentos gerados toda vez que uma música é transmitida, baixada ou tocada em público, para simplificar um pouco. Os meandros desse sistema são muito complexos e explicados em mais detalhes em um artigo dedicado ao assunto.
| Leia também: Direitos autorais: tudo o que você precisa saber
Essencialmente, todos que participaram da criação da música, excluindo o profissional que mixou e masterizou, têm direito a uma porcentagem de seus direitos autorais e, portanto, do dinheiro que ela gera. Depois que uma música é lançada, ela deve ser registrada para você receber seus ganhos. Isso significa que todos os envolvidos devem estar satisfeitos com a porcentagem de propriedade que estão recebendo. É importante negociar com o produtor, dos compositores e do artista para garantir que todos estejam de acordo e que os contratos possam ser elaborados. Os artistas independentes têm que ter essas conversas para deixar tudo acordado.
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11. E depois?
A parte mais gratificante de entender como fazer uma música é que ela não tem prazo de validade. Quando uma música é lançada, ela é lançada para sempre e ganha vida própria. Algumas músicas fazem enorme sucesso e são esquecidas tão rapidamente quanto surgiram, outras se tornam sucessos, algumas mantêm um número baixo e constante de streams durante anos e outras não têm seu momento de destaque até décadas após o lançamento.
Para artistas como Rick Astley, Kate Bush ou, mais recentemente, The Cranberries, os sucessos que estiveram nas paradas de sucesso há tantos anos “Never Gonna Give You Up”, “Running Up That Hill” “Linger” voltaram à vanguarda da cultura pop depois de décadas de inatividade. Não importa se é uma moda da Internet, uma sincronização na TV ou um cover popular que leva você até lá, ter uma música entrando novamente nas ondas do rádio (e ganhando uma nova onda de receita) não é incomum, mas é imprevisível. Podemos tentar controlar as tendências, mas realmente não há como saber qual será o papel de uma música quando ela for lançada no mundo. Tudo o que você pode fazer como artista é ter orgulho dela, divulgá-la e continuar criando.
– Texto traduzido por Max Leblanc –
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