Há pouco tempo, nós conhecemos a dupla de dream pop Atalhos, do Brasil, que possui um projeto sólido e autêntico desenvolvido por esses dois amantes da música, da literatura e do cinema. Foi um prazer ler estas palavras e saber que a Groover tem tanto impacto em projetos musicais tão bonitos. Carinho, inteligência, oportunidades e força são realmente o que queremos oferecer aos artistas, e é maravilhoso ver que funciona tão bem.
Realmente me ajudou a alcançar os curadores e influenciadores, mas o mais importante é a coisa humana além disso. Groover dá a oportunidade para os artistas serem ouvidos com atenção e carinho
– Atalhos –
Atalhos, você pode apresentar seu projeto musical?
Pois bem, somos uma dupla brasileira muito ligada à literatura e ao cinema e procuramos colocar essas influências na nossa música, principalmente nas letras e nos títulos das músicas, mas também na forma como nos apresentamos nos vídeos, fotos, e nas redes sociais. Éramos uma banda mais ligada à música folk, porém, estamos trabalhando nos últimos dois anos em nosso novo álbum e isso nos leva a um novo universo musical. Acho que somos mais como uma banda de dream pop agora, favorecendo as guitarras elétricas, os sintetizadores e as teclas e o efeito particular que criamos para os vocais que nos ajudam a construir essa atmosfera de sonho.
Como o projeto de vocês surgiu?
Nasci em uma pequena cidade do interior do estado de São Paulo, e aprendi a tocar um instrumento ainda no colégio. Então, reuni alguns amigos que estavam na mesma coisa e acabamos de formar uma banda para tocar covers, principalmente músicas das bandas que ouvíamos naquela época, como Nirvana, Alice in Chains, Bush… éramos muito grunge hahaha. E depois disso, senti a necessidade de criar minhas próprias canções e comecei a escrever e a compor. Quando terminei o ensino médio, me mudei para São Paulo e comecei a estudar Jornalismo. Foi quando conheci um estúdio profissional onde trabalhei com meus colegas de banda e gravamos nosso primeiro álbum, e acho que foi quando nos tornamos uma banda de verdade, você sabe, com um álbum cheio de músicas adequadas, e foi quando tudo começou a ser mais profissional.
O universo de vocês é muito forte. Quais são as inspirações?
Eu fico feliz em ouvir isso porque tentamos ser muito autênticos e colocar muito claramente nossas influências e inspirações e acho que estamos sendo bem-sucedidos nisso. Eu e Conrado somos viciados em literatura e cinema, e adoramos colocar algumas das referências nas músicas, mas também em nossa postura nas redes sociais e na forma como nos comunicamos com nossa base de fãs. Sempre conversamos com os fãs sobre os livros que estamos lendo, nossos escritores favoritos como Marcel Proust, Sartre, Simone de Beauvoir, Camus e Heidegger. Eu também escrevo muitas vezes em nosso blog, e é tudo sobre criar e construir esse universo que simplesmente não termina com a nossa música, nós amamos ampliar toda a experiência que envolve música, literatura, cinema e colocamos um universo forte, como você disse, em nossos videoclipes, fotos, etc. Acho que é disso que se trata… não apenas fazendo músicas, mas tentar criar esse universo onde as pessoas podem desfrutar não apenas da nossa música.
Como é ter um projeto musical no Brasil?
É muito mais difícil em comparação com países ricos, mas na arte quando você tem esse tipo de dificuldade você pode transformá-lo, quero dizer, você pode usá-lo a seu favor […], como disse Nietzsche, você se torna mais forte nas adversidades, então ter um projeto musical em um país que não apoia os músicos em tudo, especialmente com esse tipo de presidente que temos hoje em dia, é uma luta, mas te deixa mais confiante em si mesmo. Torna as vitórias também mais agradáveis.
Vocês cantam em português, mas estão planejando exportar as músicas internacionalmente?
Sim, eu acho que cantar em inglês seria a coisa normal a se fazer quando uma banda quer exportar sua música, mas como eu estava dizendo, eu acredito que cantar em português nos dá essa coisa autêntica que estamos procurando, nos dá algo diferente e especial, e obviamente não queremos ser como todo mundo… Eu não me sinto confortável cantando minhas próprias músicas em inglês, mas para ser honesto, eu acho que o mais importante é a linguagem da música, a melodia, você sabe, quando eu era criança e não sabia uma palavra em inglês eu costumava desfrutar tanto das músicas nos filmes etc e às vezes é melhor não saber a letra hahaha. Quando você não sabe o que a cantora está cantando, mas você ama a melodia, você ama a vibe, há muito mais espaço para o ouvinte completar a experiência, imaginar, fazer parte da criação também.
Como é um dia com Atalhos?
Adoro os dias nublados, dias frios… é um pouco estranho dizer isso sendo brasileiro, eu sei, mas eu amo quando um dia nasce muito ensolarado, dia quente, e em um momento o céu fica cinzento, escuro, e de repente uma grande tempestade cai. Eu amo a potência dos trovões, esses sons monstruosos, e depois, o céu está calmo mais uma vez. Acho que um dia com Atalhos deve ter essas transformações, momentos de raiva, poder, mas também alguma ternura, algum céu azul após a tempestade.
Atalhos, quais são seus planos para o próximo ano?
Adoraríamos viajar muito tocando nossa música e promovendo nosso novo álbum que pode ser lançado no primeiro semestre de 2021. Temos planos de ir para a Argentina que é o país da nossa gravadora e temos estado em contato com muitos artistas de lá, e também queríamos preparar uma turnê nos EUA e Europa.
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Atalhos, qual seria o seu conselho para jovens artistas em desenvolvimento?
Não sou bom em conselhos, para ser honesto. O que eu acredito é o poder de aprender, estudar as coisas em que você está, investigar e trabalhar duro em coisas que são importantes para você. Eu acho que ser autêntico é muito importante, não tentar ser alguém que você não é apenas para se encaixar. É muito crucial saber o jogo que você está jogando, mas o mais importante é não esquecer quem você é. Crie música do coração e trabalhe duro para entender o negócio da música e as melhores maneiras de você alcançar e construir sua base de fãs.
E finalmente, o que você acha da Groover?
Sou um entusiasta da Groover desde o primeiro dia que descobri esta plataforma. Realmente me ajudou a alcançar os curadores e influenciadores, mas o mais importante é a coisa humana além disso. Estamos vivendo em uma sociedade de abundância de informação, como disse o filósofo Byung-Chul Han, esse tipo de hiperculturalismo às vezes nos faz sentir como zumbis no meio de tantas informações. Muitas músicas são lançadas todos os dias… e eu acho que a Groover dá a oportunidade para os artistas serem ouvidos com atenção e cuidado. Recebi tantos feedbacks bons que realmente me ensinaram e me ajudaram a melhorar minha consciência sobre minha própria música. E eu não estou falando apenas sobre os feedbacks “bons”, mas especialmente os feedbacks com críticas sólidas, feedbacks muito humanos e reais, e isso é, na minha opinião, o triunfo da Groover. Tornar possível a comunicação real entre o artista e os críticos (jornalistas, curadores, influenciadores) e ajudar tantos artistas a entender melhor suas músicas, suas carreiras e nos ajudar a saber melhor o que podemos esperar de nossas músicas. Além disso, o mais importante: nos levar à realidade e nos fazer lidar muito melhor com nossas expectativas e evitar possíveis frustrações. Recomendo Groover aos meus amigos músicos e espero que a plataforma continue a tornar possível esse encontro de seres humanos que realmente amam música.
– Traduzido por Thiago Cyrino –